terça-feira, 16 de outubro de 2012



Seria o Anarquismo uma ideia cujo tempo chegou?

Diz a lenda que um antropologista de um país do dito mundo desenvolvido chegou num povoado na África do Sul, reuniu as crianças e disse a elas: embaixo daquela árvore coloquei um monte de frutas e guloseimas, vão correndo até lá, e quem chegar primeiro pode ficar com todas elas.

As crianças se entreolharam por alguns segundos, deram-se as mãos, e saíram correndo juntas, de mãos dadas. Chegando lá juntas, esbaldaram-se com as frutas e as guloseimas, juntas.

Perguntadas sobre o porquê de terem agido dessa forma, elas teriam dito mais ou menos assim: “Ubuntu(*), como poderia um de nós estar feliz, enquanto todos os outros estão tristes?”

 

Parece que ao contrário da ideia que nos foi vendida por décadas pelos neodarwinianos, a sobrevivência do mais apto (ou do mais forte), e a competição decorrente entre os indivíduos da mesma espécie, não é o princípio que prevalece na natureza.

Pelo contrário, estudando a fundo o comportamento natural, percebe-se que prevalece a ‘ajuda mútua’. A ajuda mútua é a única forma de sobrevivência eficaz, e mesmo evolução, das espécies.

O sistema hierárquico em que vivemos decorre do princípio equivocado da sobrevivência do mais apto, onde alguns se acham mais aptos que outros, e por isso se advogam o direito de governar os demais.

As organizações das sociedades animais podem ser altamente complexas, mas são anárquicas, não há um sistema hierárquico profundo.  Alguns grupos de animais explicitamente classificam-se em certa ordem, como uma hierarquia entre galinhas ou a ordem para comer em um grupo de leões, mas estas são ordens de classificação que não criam inteiras classes privilegiadas, ou fileiras, ou uma cadeia de comando. Consequentemente, as sociedades de animais são igualitárias. Mesmo a dita abelha rainha ou a rainha cupim não detém uma posição de comando: ela é simplesmente o órgão reprodutor da colônia e não dá ordens, nem segue ninguém.

As nossas organizações hierárquicas estão em colapso. O dólar é um papel sem valor emitido por um banco privado, sem lastro em coisa alguma. A dívida pública americana é impagável, e não para de crescer. O colapso é uma questão de tempo. Na Europa não é diferente. O lucro dos megabancos é privativo de seus proprietários, mas se vem dificuldades, o prejuízo é socializado, à custa de cortes de salários de funcionários públicos, demissões, e diminuições de investimentos públicos e benefícios sociais, reduzindo a circulação de dinheiro na economia, o que acarreta em demissões também no setor privado. E quem é responsável por isso? Os infames políticos (meras marionetes na mão dos que realmente mandam neles, não menos infames), que o povo ilusoriamente ‘escolhe’, e que se acham numa posição hierárquica tal que se outorgam o direito de saber o que é melhor para a nação. E aqui em Pindorama, esses mesmo políticos (e os que mandam neles) se refestelam nas tetas na pátria há séculos, só eventualmente sendo superficialmente desafiados por iniciativas como o processo do mensalão no STF. O sistema todo está falido. O experimento industrial está chegando ao fim.

Se o anarquismo é o padrão natural para a vida na terra, por que as sociedades humanas mais contemporâneas são organizadas de outra forma? A quem isso interessa?

Se as pessoas são mais ou menos dispostas a submeter-se à autoridade hierárquica quando o sistema distribui recursos mais ou menos equitativamente, o que acontece quando a hierarquia deixa de jogar alguns restos e ossos para as massas?

Seria o Anarquismo uma ideia cujo tempo chegou? Não sei, mas vou estudar o assunto. Como disse o grande Vitor Hugo, nada é mais forte que uma ideia cujo tempo chegou.

Claro que essa nova ordem não agradaria a alguém especificamente: aqueles 1% da população, aqueles no topo da pirâmide... aqueles que se aproveitam das divisões criadas entre os demais 99% para poderem governar... divisões estas criadas por eles mesmos... pura inspiração de Machiavelli...

Mas que tal mudar o paradigma? Que tal parar de abrir mão de sua soberania pessoal, através de um voto, dando o seu livre-arbítrio para um terceiro tomar as decisões por você? Que tal tomar as rédeas de sua própria vida e desenvolvimento?


*Ubuntu, na cultura Xhosa, significa: “eu sou porque nós somos”.

sábado, 13 de outubro de 2012

Seria o Brasil maior do que os corruptos que o saqueiam?



Seria o Brasil maior do que os corruptos que o saqueiam?

 

Lendo essa semana as notícias de que se aproxima, a até então improvável para mim, condenação do chefe da quadrilha, o ‘mensaleiro’-mor, me veio o pensamento: seria enfim o Brasil, nosso enorme país, então realmente maior do que os corruptos e totalitaristas que o saqueiam e o vilipendiam, durante séculos? Teria, enfim, a mentira uma perna muito curta?

Lembro-me de meu pai falar, há muitos anos, sobre a corrupção desenfreada nesse país, que o Brasil é um país tão rico, mas tão rico, que nem essa roubalheira toda consegue acabar com ele...

Será que há uma luz no fim do túnel: será que mesmo os grandes corruptos, os grandes do ‘poder’, também sentirão o peso da espada da justiça, no final?

Não querendo cair na mesmice, mas é digno de nota o esforço de alguns juízes do Supremo, que não foram cooptados pelo sistema, apesar da infiltração de alguns poucos nomes coadunados com os réus. Para o bem da justiça, o número de infiltrados não foi suficiente.

Interessante lembrar a atuação do relator do processo, o Ministro Joaquim Barbosa, que para ter sua integridade física garantida durante o julgamento, contou com a proteção do Exército Brasileiro. Não da PF, não da ABIN, não te de nenhuma instituição dependente do governo, e de quem manda nele. Sim, do Exército Brasileiro. Para fazer prevalecer a justiça.

Bom, confirmando-se a condenação do chefe da quadrilha, só falta a investigação do comparsa-mor dele, aquele que ‘não sabia de nada’. Um procurador de São Paulo já pediu a indisponibilidade dos seus bens (afinal, quem é que fica bilionário saindo de um salário de metalúrgico aposentado por invalidez, para um salário de político?). Já é um começo.

Parece que as esperanças estão mesmo sendo renovadas. Obrigado Ministros do Supremo, obrigado Ministro Barbosa, por essa.

E para a grande massa que não faz a mínima ideia do que está acontecendo, e que não entende patavinas do que está escrito acima, faça um favor pelo país, pela humanidade, pela grande massa mesma: instrua, esclareça, divulgue, da maneira que eles possam entender.

Não seja conivente com o sistema.

sábado, 6 de outubro de 2012

Quanto vale o seu voto?



Nessas épocas de eleições, 'festa da democracia', ao mesmo momento em que se discute o financiamento público das campanhas, vale a pena relembrar: quanto vale o seu voto?

Como assim? Nunca fez as contas?

Vamos tomar por base minha pequena província, a loira e bela Blumenau, palco da Oktoberfest e das enchentes mais famosas do país.

Considerando o montante declarado das campanhas eleitorais dos prefeitos, nesse ano, mais as campanhas dos vereadores, chegamos fácil aos 30 milhões de reais. E isso considerando só o valor declarado, pois como sabemos, ao menos um dos grande partidos desse país assumiu publicamente que faz uso da prática do 'dinheiro não contabilizado'. Seria esse partido o único a utilizar tal prática? Nessa nem a velhinha de Taubaté acredita...

Mas enfim, 30 milhões de reais para 200 mil eleitores, seu voto custa então pelo menos R$ 150,00. É um bom dinheirinho para passar alguns segundos na frente da urna, não é mesmo?

Mas isso não é o mais importante. O importante é o valor global mesmo. De onde vem esses 30 milhões? (considerando só o valor contabilizado). A imensa maioria vem de doações, tanto de empresas quanto de grandes donos de capital.

E você acha que essas doações são obra de caridade, da bondade inerente a todo bom capitalista que se preze? Tente convencer a velhinha de Taubaté....

Obviamente esse dinheiro é um investimento. E quem investe quer lucro, quer retorno. Esse dinheiro vai voltar ao bolso do 'doador', e multiplicado, algumas vezes.

E o pior, o investidor sempre aposta nas duas pontas. O sistema joga em todos os lados. 'Doa' para a campanha do candidato da 'oposição', mas também para o da 'situação'. Não importa quem ganhe a 'eleição', o sistema sempre ganha.

E você ainda se espanta com a ineficiência do serviço feito com dinheiro público, os desvios de dinheiro, as verdinhas nas cuecas, os propinodutos, as obras superfaturadas, os produtos e serviços que custam o dobro quando é o setor público quem compra, e a lista parece não ter fim...

Enquanto isso, 'Carminha' com 70% de audiência, futebol, BBB, 'A Fazenda'... e o povo segue hipnotizado... letárgico...

E o que daria para fazer com 30 milhões?

Blumenau, por exemplo, que vive assolada pelas enchentes, em 2008 viveu uma tragédia jamais vista, quando também ricos, mas principalmente pobres, viram suas casas e  seus terrenos serem derretidos pela força das águas.

Blumenau tem, oficialmente, quase 7 mil residências consideradas 'conglomerados subnormais'. O popular barraco. E muitas famílias ainda estão desabrigadas, desde 2008, esperando as tão prometidas 'minha casa minha vida'...

Considerando uma boa casa popular, ao custo de 20 mil reais, com 30 milhões seria possível construir várias delas.... ok, vamos guardar um pouco para a compra do terreno, digamos uns 10 milhões... com o saldo seria possível construir 1.000 belas residências. Com 7 'eleições' o déficit estaria sanado.

E isso só com o dinheiro gasto em uma eleição. E só cosiderando o dinheiro contabilizado. E isso só considerando o valor original, sem contar o que os 'investidores' das campanhas políticas esperam arrecadar esse valor multiplicado por 2, 3, 5 vezes, enquanto o seu 'candidato' estiver no poder.E não importa quem ganhe, o sistema sempre ganha.

Se considerarmos ainda nessa conta o dinheiro desviado, uma eleição seria suficiente para resolver de uma vez o problema habitacional da massa menos favorecida de nossa população.

Ah, claro, é verdade, essa parcela da população é a mais inculta, a mais analfabeta, a mais... ok....

E você? Quanto lhe custa essa ineficiência de nossos serviços públicos?



Já não passou da hora de sairmos dessa plutocracia, acabarmos com a prática de dar um cheque em branco para políticos que pretendem tomar as decisões por nós, pararmos de abrir mão de nosso livre-arbítrio?

Talvez seja assunto para os próximos posts....

até...


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pois é... esse mundo anda muito doido... mudança de pólos magnéticos na Terra, eternas guerras no oriente médio, eternas ameaças de um ser humano (será mesmo humano?) lançar uma bomba nuclear na cabeça de seu irmão... vulcões explodindo mundo afora, terremotos cada vez maiores...

É evidente o destino para onde caminha a humanidade, pelo menos a mioria dela, a que vive na zumbilândia, hipnotizados pela maior 'arma de distração em massa' jamais inventada (qua alguns também chama de televisão)...

Porém, nem toda a humanidade segue esse caminho. Alguns vão para outras pradarias, muitas vezes, aliás, frequentemente, sendo chamados de loucos. Mas não importa.

Para os que ficam, esperamos que cuidem de seus filhos, para que, quem sabe, eles possam cuidar melhor do planeta do que a nossa geração foi capaz...