domingo, 1 de fevereiro de 2015

Ir embora ou ficar?




Muitas pessoas nesse enorme Brasil estão pensando exatamente isso nesse momento. Procurar qualidade de vida em outro lugar, ou ficar e lutar?

Antes de divagar sobre uma eventual resposta, é importante conhecer as causas do fenômeno. Afinal, nunca foi tão grande o volume de pessoas deixando o país para buscar uma vida mais digna. Já são 65% dos brasileiros querendo partir. Não é pouca coisa...

As razões são muitas, desde a já conhecida e exacerbante violência urbana, o altíssimo custo de vida, a absurda carga tributária sem retorno a altura, o caos da mobilidade urbana, os problemas com a saúde e educação, os escândalos contínuos e crescentes no cenário político, a corrupção desenfreada, a capacidade incrível do país em inibir a atividade empresarial, e por aí vai...

Nos últimos meses, o movimento tem se exacerbado em virtude do vislumbre do caos político-social que se aproxima. Vejamos: um único partido (que o Gen. João Figueiredo chamou de quadrilha, já há algumas décadas), tem um projeto claro de eternização no poder. As urnas eletrônicas utilizadas nas votações são comprovadamente fraudáveis, proibidas em muitos países, e os fabricantes são réus em processos em outros, como nos EUA. O congresso nacional em sua maioria está comprado. Aliás, esse foi o grande pulo do gato do molusco chefe, ele percebeu que seria fácil se manter no poder apenas comprando deputados, senadores, e indicando os juízes certos para a suprema corte do país. Os planos do Foro de São Paulo para a América Latina e o Brasil são claros. Mas vejam o que esses planos têm trazido para a população da Argentina, Bolívia e Venezuela. Naturalmente, muitos temem que o Brasil seja o próximo a sofrer as consequências de uma ditadura bolivariana.

Certo, alguns acham que isso é paranoia, nunca vai acontecer no Brasil, etc... Mas lembre-se, na antiga Alemanha fascista, a maioria não viu as atrocidades dos nazistas chegando até que fosse tarde demais, antes que fosse possível reagir, ou mesmo fugir. Exceto alguns poucos que conseguiram enxergar mais a frente, e foram chamados de paranoicos.

A saída é simples, ir embora para um país desenvolvido, onde a qualidade de vida é inigualável, os serviços funcionam, a corrupção é mínima, a carga tributária é justa e tem retorno, o custo de vida é compatível com a renda.

Muitos dos brasileiros ficam ainda mais animados em razão de certos países, notadamente o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, estarem abertos a imigrantes com certas qualificações e profissões que esses países têm carência. Os EUA ainda são a opção de muita gente, afinal Miami é o Rio de Janeiro que deu certo, a Austrália é o Brasil de que deu certo, e o Canadá é o país onde tudo funciona.




E a coisa fica ainda mais atraente quando olhamos o ranking das melhores cidades do mundo para se viver:


A maioria esmagadora está num desses três países. E quer dizer que eles ainda estão precisando de profissionais como eu?

E ficar aqui vendo Renan Calheiros, Paulo Maluf, José Dirceu, molusco e cia., petrolão, mensalão, e sabe-se lá o que mais virá (BNDES, Banco do Brasil)?

Carga tributária escorchante, ter que pagar plano de saúde complementar para não morrer num corredor de hospital do SUS, ter que pagar escola particular para ter acesso à educação decente? Ficar todo dia 2 a 3 horas parado no engarrafamento? Ter que comprar cada vez menos no supermercado, pois o salário não acompanha o aumento do custo de vida real? E ainda ver a presidente da república mentir descaradamente na TV dizendo que está tudo bem, e que ela não cometeu um estelionato eleitoral?

Credo, vou-me embora...

A opção é fácil de vislumbrar.

Porém, há o outro lado da moeda (sempre há...). Voltando à Alemanha nazista, muitos dos que vislumbraram o desastre vindo optaram por ficar. Pois abandonar o barco é muito cômodo, o difícil é ficar e lutar pelo seu país, pelo seu lar, pelo lugar onde você nasceu e cresceu. E os que ficarão? E as novas gerações?

Provavelmente, a decisão de ficar ou partir é de cunho estritamente pessoal. E não temos o direito de criticar a decisão dos demais. Afinal, também é possível lutar de fora. Se não fosse o Gen. de Gaulle ter se exilado na Inglaterra com boa parte da resistência francesa, a liberação da França (e da Europa), teria sido muito mais difícil. Por outro lado, muitos da resistência ficaram em território francês, acoados, e sem a ajuda destes igualmente a liberação teria sido muito mais difícil. Como disse, a escolha é pessoal.

Naturalmente escrevo estas linhas pois esta escolha também me aflige. O futuro do Brasil é incerto, se ligarmos os pontinhos é até mesmo negro, e o pior, não há perspectiva de melhora. A sociedade está anestesiada. O recebendo seu bolsa-família, e não se importa com o resto enquanto estiver com a barriga cheia. Pois quando estiverem com a barriga vazia será tarde demais. Se ocorrer aqui no Brasil o que ocorreu na Venezuela, com os cidadãos empreendedores e produtivos abandonado o país enquanto podem, logo essas barrigas vão ficar vazias. E o caos se instala.

Há ainda uma outra faceta nessa moeda. Para quem tem uma visão mais espiritualizada da vida, ocorre também que, se fôssemos para gozar os prazeres dessa atual existência num país desenvolvido, porquê então nascemos aqui? Afinal, o quê estamos fazendo aqui? Será que estamos fazendo a diferença? Será que estamos influenciando positivamente a vida de ao menos um punhado de pessoas, significativamente?

Eu só posso falar por mim, e olhando um pouquinho ao redor, como professor universitário, vejo que sou um fator importantíssimo de influência em ao menos um punhados de jovens e sonhadores alunos de graduação, alguns alunos de mestrado, um número ainda menor de doutorandos, e um número mais reduzido ainda de pós-doutorandos e jovens doutores, iniciando suas carreiras. O exemplo, os valores morais e éticos que deixamos para eles são impagáveis. Os números são o que menos importa. Se pudermos influenciar positivamente a vida de uma pessoa, já vale a pena ter vivido.

E você, tem feito a diferença onde vive? Bom, caso após uma profunda análise do seu entorno, tenha verificado que não, talvez deva ir hoje mesmo para o Canadá.

Caso sua vida aqui seja ao menos uma pequena lâmpada de vela na escuridão desse país, será que não vale a pena ficar, e continuar o trabalho?

Uma mulher muito sábia já disse uma vez, persista, mesmo que venham ventos contrários....

Afinal, se nascemos neste específico país, nessa específica cidade, nessa família em particular, há alguma razão. Neste universo, tudo é causal, nada ocorre sem uma razão, sem uma causa.

Bom, por enquanto eu vou ficando. Mas a decisão é difícil. Se as coisas piorarem, se o governo petista conseguir seu intento de transferir para o gabinete da presidência o controle das polícias militares, se conseguirem aqui implantar uma polícia política nos moldes da STASI ou da KGB, a integridade deste meu corpo físico, assim como a de muitos outros patriotas que defendem a democracia, corre risco imediato. Aí, talvez seja mais sensato lutar como de Gaulle.

Enquanto isso a vida segue, e vamos continuar observando!

Seja um farol de Luz você também!